De lados opostos da tela,
tanto na vida amorosa quanto na vida social,
Eles trocavam afinidades nas pequenas teclas e nos pequenos gestos.
De grão em grão foram preenchendo as lacunas das coisas que faltavam a ambos,
Mesmo a distância, era mais importante um para o outro do que qualquer amigo constante.
Muitos diriam que estavam se apaixonando,
altos papos até de madrugada,
Trocaram telefones e o assunto rendia pela linha e o dia ia embora,
Gostavam de bolo de cenoura, chocolate e coca-cola,
Detestavam dar esmola, melancolia, melancia e mariola.
Concordaram em nunca se encontrar ou cobrar algo um do outro,
Com medo de perderem o que tinham construído e se estabilizado,
Ambos infantis, covardes e sonhadores, preferiam o contentamento vivido.
Ao invés da cruel expectativa de um futuro em comum.
Mascarados por suas telas, separados fisicamente.
Suas teclas tão pequenas e seus grandiosos gestos de carinho,
Seguiriam seus destinos até quando um dia o telefone não tocar mais,
Ou quando o seu status estiver definitivamente ocupado.